O surgimento de um novo fenômeno
Na cultura pop e, principalmente, na indústria de jogos eletrônicos, poucas franquias conseguiram alcançar o mesmo nível de sucesso e devoção dos fãs que Pokémon conquistou ao longo dos anos.
No entanto, recentemente, um novo concorrente surgiu no cenário: Palworld. Com sua mistura única de elementos de domesticação de monstrinhos, de sobrevivência e mecânicas de crafting, Palworld está rapidamente se tornando um fenômeno entre os jogadores.
Ocorre que os desenvolvedores da Pocketpair, responsável pelo novo “game”, estão tendo que lidar com massivas acusações de plágio e de utilização de Inteligência Artificial para produzir os icônicos monstrinhos do jogo, que são muito parecidos com os tão amados Pokémon da Nintendo. Nesse post, vamos entender um pouco mais sobre plágio e analisar até onde vão essas semelhanças.
Antes da comparação, é preciso alertar!
Antes de entrarmos nas comparações, é importante destacar que, embora Palworld compartilhe alguns aspectos de jogabilidade com Pokémon, como a domesticação de monstros, sua abordagem e execução são bastante diferentes. Enquanto Pokémon é conhecido por suas batalhas estratégicas e mundo vasto a ser explorado, Palworld adiciona uma reviravolta satírica ao permitir que os jogadores armem seus Pals, como são chamadas as criaturas do jogo, com armas de fogo. Essa abordagem única tem sido um dos principais pontos de discussão entre os fãs.
Outra questão muito polêmica é que os “Pals” são domesticados por violência e podem ser explorados até perderem a sua vitalidade, o que representa uma certa crítica à dinâmica presente em obras como Pokémon e Digimon.
Eu já vi isso em algum lugar…
Contudo, não podemos ignorar as semelhanças notáveis entre os designs das criaturas de Palworld e os Pokémon. Muitos jogadores têm apontado as semelhanças marcantes entre os Pals e certos Pokémon, levantando questões sobre possíveis casos de plágio.
Essa comoção, inclusive, anda gerando atrito entre as referidas empresas, o que pode ser evidenciado pelo seguinte comunicado da Pokémon Company:
“Recebemos muitas perguntas sobre um jogo de outra empresa lançado em janeiro de 2024. Não concedemos nenhuma permissão para o uso de propriedade intelectual ou elementos de Pokémon nesse jogo. Pretendemos investigar e tomar as medidas adequadas para resolver quaisquer atos que violem os direitos de propriedade intelectual relacionados à franquia Pokémon. Continuaremos a valorizar e nutrir cada Pokémon e seu mundo, e trabalharemos para unir o mundo por meio dos Pokémon no futuro”.
The Pokémon Company.
Pokémon Company vigilante:
O referido comunicado foi publicado logo após a popularização de um vídeo que mostrava uma modificação criada por jogadores, que trocava alguns modelos de “Palworld” por personagens oficiais de Pokémon.
Enquanto os jogadores ficavam com a aparência de Ash e Misty, alguns monstrinhos eram transformados em Pikachu e outros Pokémon.
Nesse caso, a Nintendo agiu rapidamente e derrubou o vídeo em menos de 24 horas, já que violava diretamente a propriedade intelectual da franquia. Por outro lado, a versão tradicional de “Palworld” não corre o mesmo risco, pois, apesar das inspirações, não há nada plagiado.
Será que foi plágio?
A prática do plágio consiste na apropriação indevida e inesperada de um conteúdo resultante da criatividade e do trabalho daquele que verdadeiramente o originou. No Direito brasileiro, os direitos morais que existem entre o criador e sua obra gozam de proteção legal.
A utilização de uma ideia, a rigor, não constitui plágio, tanto é que a própria estética e ideias por trás dos monstrinhos do Pokémon bebem muito da fonte de um jogo anterior chamado Dragon Quest.
Ocorre que, em uma apuração feita por fãs, foram listados 63 monstros parecidos com Pokémons, sendo que “Palworld” tem 111 Pals — ou seja, aproximadamente mais da metade das criaturas seriam inspiradas na outra franquia.
A inspiração da cópia?
A grande discussão é que obras inspiradas em outras obras, ainda que descaradamente, nem sempre constituem plágio. Isso porque, para ter uma acusação forte de violação de direitos autorais, seria necessário que os designs não só fossem parecidos, mas que fossem substancialmente similares.
Palworld não apresenta personagens com mesmos nomes de Pokémons e o grau de similaridade entre os monstrinhos varia muito. Um dado interessante é que somente os pokémons mais famosos têm proteção de marca. No fim das contas, a comoção não tem tanto apelo jurídico e reside mais na forma com que os fãs da Nintendo perceberam as inspirações e releituras trazidas no novo jogo.
De qualquer forma, a Pokémon Company continua vigilante diante do atrito gerado pela polêmica em torno das acusações de plágio. E você, o que achou da semelhança dos monstrinhos?